Entre os dias seis de abril e três de junho a organização da mostra registrou 626.357 mil visitas de público do Brasil e do exterior, nos espaços da 11ª Bienal do Mercosul. O evento contou com 70 artistas e coletivos artísticos, de três continentes, além de residências em comunidades quilombolas das cidades de Porto Alegre e Pelotas. A exposição aconteceu nos espaços do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural, Praça da Alfândega (performance de Mark Formanek), Igreja Nossa Senhora das Dores, Comunidade Quilombola do Areal e Casa 6 (na cidade de Pelotas).
A preparação da sociedade para esta edição começou em março de 2017 com as atividades culturais permanentes. Pela primeira vez na história das Bienais foi oferecido uma programação educativa contínua (seminários, oficinas, palestras, apresentações artísticas e mostra de filmes) com o objetivo de aprofundar a discussão sobre o tema central (Triângulo Atlântico) e desdobramentos nas áreas da cultura. Todas as atividades foram gratuitas.
Para o curador, Alfons Hug, a participação de artistas de fora da America Latina facilitou um novo horizonte para a Bienal do Mercosul:
“Isso deixou a mostra mais internacional e possibilitou novos diálogos entre os três continentes. Outra novidade que deu resultados positivos foi a presença maciça de artistas africanos e afro-descendentes e o entrosamento com comunidades quilombolas. Do ponto de vista artístico a Bienal conseguiu alcançar um bom nível de densidade poética e riqueza estética”.
Do ponto de vista institucional, Hug pontua que foi encontrado um formato e um tamanho que se adaptou à realidade econômica do país, “acredito que a concentração da Bienal em quatro espaços maravilhosos do centro histórico deu certo”, comemora.
Durante a Bienal também foram realizadas diversas atividades paralelas, como apresentações musicais, teatrais, intervenções artísticas, seminários, debates e palestras. Muitos trabalhos estavam relacionados à temática africana e envolveram as principais lideranças de movimentos negros do Rio Grande do Sul, além de convidados de fora do Estado.
O programa educativo, coordenado por Bianca Bernardo, realizou uma série de atividades. Foram feitas formações de mediadores e professores, além da elaboração de um material disponibilizado para escolas públicas e particulares, municipais e estaduais. Cinco oficinas foram oferecidas para públicos de todas as idades (feminismo na arte contemporânea, desenho, bonecas de resistência e workshop de fanzine), totalizando mais de cento e cinquenta participantes. No programa de formação, tivemos a participação de trinta professores das redes pública e particular de ensino, além dos quarenta educadores, totalizando setenta pessoas. Além das visitas agendadas com transporte gratuito para instituições públicas através de uma parceria com SESC/Fecomércio. No total 25 mil pessoas foram atendidas ao longo de quase dois meses de Bienal.
O número de visitas deste ano superou o da 10ª edição (apesar de menos dias, registrou pouco mais que 400 mil em 2015). O presidente da Fundação Bienal do Mercosul, Gilberto Schwartsmann, avalia esta Bienal como uma superação no contexto atual:
“Nós conseguimos realizá-la em um momento difícil do país e de muito descrédito na capacidade de nossa sociedade. Sua temática estimulou uma profunda reflexão sobre questões fundamentais, sua linguagem foi acessível a todas as pessoas, de vários níveis culturais e socioeconômicos. O que experimentamos foi uma atmosfera de colaboração, integração de esforços, sem disputas pessoais, em um sentimento de aproximação entre indivíduos e instituições. O evento reforçou minha percepção de que devemos continuar apostando na arte e na cultura como caminhos para se chegar a um mundo melhor”.
Obrigada a todos que participaram e até a próxima Bienal!
Texto: Carolina Zogbi
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