Território Kehinde
Tue, Oct 08
|Rio Grande do Sul
Cinco encontros realizados nos meses de outubro e novembro com espaços de debate e troca de conhecimento sobre arte, cultura, educação e femininos.
Horário e local
Oct 08, 2019, 7:00 PM
Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil
Sobre o evento
Assista aos vídeos integrais das palestras no nosso canal do YouTube.
Território KehindeO romance Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves é, desde seu lançamento em 2008, um marco na literatura contemporânea brasileira. Mas ele vai além. Estabelece-se como marca porque revela uma herança contínua da colonização e da eleição da sujeição e do direito de posse de humanos sobre humanos. Marco porque estabelece vínculos de uma memória que se acreditava, durante muito tempo, estar perdida e que reaparece como relâmpago necessário na lacuna de um registro sobre onde viemos e de qual lugar surgem nossas raízes. A escravização no Brasil não pode ficar relegada a experiência do passado. Antes disso, ela é elemento que atravessa nossas maneiras de pensar e de existir em uma sociedade assimétrica e, muitas vezes desumanizadora. No entanto a obra desenha, inscreve, rasga lugares para ver a existência negra no século XIX brasileiro. Há ali negros que leem e criam estratégias de aprendizado, há o centro urbano tomado por homens e mulheres que se deslocam e negociam suas liberdades e aprisionamentos, há a vida da Bahia, do Maranhão, do Rio de Janeiro, de São Paulo.
Há sobretudo uma mulher que acende a própria vida, ascende e atende sob o nome de Kehinde. A personagem empreende de Savalu até o Brasil, dos Brasis até as Áfricas e Europas. Inventa formas de vida, olhos de ver e ser vista, morre algumas vezes, vive muitas, aprende e ensina. Kehinde é a mulher negra com suas táticas de existir:a astúcia, a atenção, o olho atento ao afeto não distante da luta e dos saberes.É a capacidade criar territórios a cada chegada. Em uma mostra, no Sul do mundo, como a Bienal 12, que toma como ponto de partida e de chegada os femininos e a arte em seus tensionamentos e possibilidades de invenção, tomar a figura de uma personagem que está entre a vida e a ficção - entre a memória e a escrita de passados necessários e sobre a marca da mulher negra - vai além de uma homenagem. Significa estabelecer que a mulher negra tem poder em diferentes sentidos de ser a imagem de um mundo já vivido e aquele desejado.
Território Kehinde é a porção de um projeto educativo que toma essa mulher negra e suas criações de vidas como ponto do qual se empreende o encontro. Território Kehinde é lugar de mulheres e, algumas vezes, de homens também. Território Kehinde será durante a Bienal 12 tudo aquilo que se baseia no chegar, encontrar e aprender junto. Território Kehinde é uma roda de conversa. Territórios que se abrem em diferentes cidades sempre com convidadas, seus saberes e suas possibilidades de construir ali seus territórios e formas de aprendizado. Kehinde é deslocamento. Deslocamento de conhecimentos, de perspectivas, de certezas e construções do comum, da ordem do que é compartilhado. Kehinde é a imagem e a seta dos encontros que se dão ao longo de 2019 e 2020. Deslocar, conhecer e inventar são palavras que sustentam os territórios que se erguem a partir das vozes de nossas convidadas.
Igor Simões
Curador Adjunto da Bienal 12/Curadoria educativa
Programa Educativo - Território KehindeOutubro/ Novembro 2019
Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas
Porto Alegre, dia 08 de outubro no CHC Santa Casa
19h - Os femininos e o pensamento curatorial da Bienal 12
Com Andrea Giunta e Fabiana Lopes
20h - Educativos, Mostras e Docências em Artes Visuais: Lugares de Criação
Com Carmen Capra, Luciana Loponte e Celina Alcântara
Porto Alegre, dia 31 de outubro no CHC Santa Casa
10h - As Instituições de Arte e os educativos
Com Mônica Hoff, Carla Batista e Marga Kremer
14h - Mediações e mediadores, professoras e professores
Com Mônica Hoff, Carol Mendoza e Larissa Fauri
17h - A sala de aula como espaço de criação e sabotagem
Com Carmen Capra e Estêvão da Fontoura
Caxias do Sul, dia 06 de novembro no Sesc Caxias do Sul
19h - Raça e Artes Visuais em Terra Brasil
Com Xadalu e Renata Sampaio
Pelotas, dia 07 de novembro na Biblioteca Pública Pelotense
19h - Território de Mulheres negras e a Arte
Com Izis abreu e Dedy Ricardo
Porto Alegre, dia 12 de novembro no CHC Santa Casa
10h - Artes, Femininos e pensamentos contemporâneos
Com Daniela Kern, Élle de Bernardini e Mitti Mendonça
14h - Femininos e Cultura
Com Winnie Bueno, Joanna Burigo e Fernanda Bastos
12/11/2019 – 10h/16h- Porto Alegre - CHC Santa Casa
Porto Alegre, dia 12 de novembro no Centro Cultural CEEE - Erico Verissimo
17h - Territórios de Kehinde
Ana Maria Gonçalves
Participação: Izis abreu e Dedy Ricardo
Sinopses Mesas Território KehindeOs femininos e o pensamento curatorial da Bienal 12
Com a presença da curadora geral Andrea Giunta e dos curadores Fabiana Lopes e Igor Simões, a mesa abrirá uma primeira conversa com o público sobre a Bienal 12
Educativos, Mostras e Docências em Arte: Lugares de criação
Espaços educativos, Arte, salas de aula, criação. As trocas são indispensáveis e sua relação se dá (ou deveria) em constante afinidade com mostras, salas de exposição, salas de teatro, salas de aula. As relações entre esses espaços de construção de saberes a partir da perspectiva da criação são o rumo desse encontro formado por professoras com atuação acadêmica que inscrevem suas perspectivas educativas e poéticas.
As instituições de arte e os educativos:
Os educativos das instituições de artes visuais têm se configurado como uma usina de saberes e lugares que permitem que as próprias instituições pensem a si mesmo. No entanto, como se dá essa escuta e fala? Qual o lugar do educativo na criação do desenho institucional?
Mediações e mediadores, professoras e professores
Estar entre, estar com, estar a partir e apesar. Ver juntos e mover. Professores e mediadores se encontram nos lugares onde falam as mostras e as salas de aula. O espaço expositivo e além são uma zona de aproximação e distanciamento desses dois agentes. Como essas relações se dão? O que cada uma tem a dizer a outra? Afinal como criar formas de cooperação entre a docência em arte e a mediação em espaços de exposição?
Sala de aula como espaço de criação e sabotagem
Se a sala de aula é o lugar onde se costuram saberes em arte, ela também o espaço que pode sabotar aquilo que está sedimentado. Como a arte e a educação se encontram ou podem se encontrar na prática da docência em artes visuais? A sala de aula de arte é o lugar de afirmação ou de questionamento da arte como território?
Raça e Artes Visuais em Terra Brasil
Não há como pensar em artes visuais e suas intersecções sem pensar em quem está inscrito nela e quem ainda chama por visibilidade. Indígenas, negros ou as várias interseções entre estes lugares e gênero, classe, arte. A mesa quer debater e ouvir algumas premissas para o necessário enfrentamento.
Território de Mulheres Negras e a Arte
As mulheres negras ainda são minorias nos acervos, nas mostras de arte em geral, no repertório que ocupa as salas de exposição e as salas de aula. Pensar esses impedimentos e suas formas de implosão é o início de uma mudança que já se anuncia no horizonte. Pensar, debater e encontrar soluções que produzem outras sensibilidades para a questão é o norte desse encontro.
Artes, Femininos e Pensamentos contemporâneos
Se o tema que nos interpela são os femininos e a arte é preciso que nos perguntemos qual o estado de coisas, os caminhos, as chaves para que essa arena seja constituída. Necessariamente é preciso ouvir e estar em estado de parceria na constituição desse amplo terreno de disputas e no caminho da construção de formas solidárias de existência. Por onde pensar essa relação?
Femininos e Cultura
Outras palavras, outras intersecções, outros chamados. As formas vivas, pulsantes e combativas dos femininos e suas invenções de culturas e novas epistemologias são a direção dessa mesa. O feminismo e algumas das suas mais importantes proposições será o fio que conduz esse encontro.
Territórios de Kehinde
A escritora Ana Maria Gonçalves e seu incontornável livro “Um Defeito de Cor” são o nome e a seta dos encontros entre muitas mulheres e alguns homens nesse nosso território Kehinde. Na oportunidade, com a presença da autora, trechos do livro e debates farão parte simultaneamente da Bienal e da Feira do Livro. Ana Maria Gonçalves, suas palavras e sua Kehinde estarão presentes nesse encontro de afeto e homenagem a uma obra que inscreveu novas leituras de Mulheres, Raças e Brasis.
Assista aos vídeos integrais das palestras no nosso canal do YouTube.Patrocínio: Santander
Co-patrocínio: Banrisul
Apoio: Unimed e Unicred
Apoio institucional: Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Memorial do RS, MARGS, UERGS, CHC Santa Casa, Fundação Iberê Camargo e Theatro São Pedro
Realização do programa educativo: Fecomércio / SESC RS
Realização: Lei Federal de Incentivo à Cultura e Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul