Eu estalo, tu estalas, nós estalamos – a 14ª Bienal do Mercosul é um evento que gira em torno da ideia de transformação. Seja verbo, seja substantivo, a palavra "estalo" aciona memórias que vão do trágico ao cômico, de histórias baseadas em nossas biografias a fatos históricos de conhecimento nacional ou global. Esta edição da Bienal conta com 77 artistas de contextos e interesses contrastantes, e a dissonância de seus estalos existenciais é a força motora para a reflexão por parte do público.

Sendo esta edição um elogio ao constante movimento que atravessa nossas vidas e as formas como lidamos com as imagens, nada mais justo que a seleção de artistas e obras aponte para direções contraditórias. Queremos inventar mundos junto com o público, improvisar até o amanhecer e o cansaço chegarem. Os dezoito espaços expositivos que gentilmente abrigam o evento são encontros temporários de vozes. Cada exposição recebe um título diferente e que, de forma ficcional, conecta-se à noção de "estalo", ampliando o campo semântico da Bienal. Estalar em conjunto é gostoso, e respeitar nossos ritmos individuais é essencial!

O asterisco, na linguagem textual, serve como uma chamada de atenção para algo que merece ser aprofundado. As exposições na Casa de Cultura Mario Quintana e no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul são espaços onde as fronteiras das distintas noções de Estalo se cruzam; elas tanto se dispersam quanto se aglutinam, mas fixam, em conjunto, pontos que merecem nossa atenção. As obras aqui reunidas nos motivam a pensar sobre o modo como a condição de existir está intimamente ligada ao coletivo e aos movimentos de criação e transformação.

As diversas práticas artísticas presentes no icônico prédio que abriga ambas instituições navegam entre mitologia, relações interespécies, dinâmicas sociais e a sensorialidade dos corpos, revendo qualquer lógica estável e binária nas diferentes esferas das vidas humana e não humana.