top of page
bg_bienal13_headers.png

EDUCATIVO

SEMINÁRIO

Seminário Zonas de Contato.jpg

A 13ª Bienal do Mercosul promove, de julho a novembro de 2022, o seminário Zonas de Contato, no Salão Multiuso do Instituto Ling, apoiador cultural do evento. São seis encontros reunindo nomes com distintas formações e experiências para um diálogo ativo a partir da linha conceitual desta edição da mostra, intitulada Trauma, Sonho e Fuga. Organizadas pelo Projeto Educativo da 13ª Bienal, as atividades serão gratuitas, realizadas aos sábados, com intérprete de libras. As inscrições podem ser feitas no site do Instituto Ling.

 

“Em vez do tradicional formato de palestra, com uma pessoa falando a uma plateia de espectadores, o seminário proporcionará momentos de trocas com a comunidade a partir de dinâmicas participativas. Teremos, assim, pontos de vista a serem debatidos e experimentados sensorialmente, tendo os três conceitos-chave que formam a linha narrativa desta Bienal como disparadores”, afirma a curadora e coordenadora do Projeto Educativo, Germana Konrath.

O título do seminário toma emprestado o conceito de “zonas de contato” cunhado pela linguista Mary Louise Pratt e explorado pelo antropólogo James Clifford no contexto de museus para analisar espaços sociais onde culturas se encontram, chocam e lutam, muitas vezes em contextos assimétricos de poder, resultando em diferentes possibilidades de relações dissensuais e transformadoras. 

 

PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO “ZONAS DE CONTATO”

 

23 de julho, 10h ao meio-dia

A dimensão onírica dos povos da floresta

Ministrante: Kaká Werá Jecupé, educador, terapeuta e escritor

 

Somos bombardeados pelos mais diversos tipos de sensações e impressões em nosso cotidiano, que influenciam o nosso inconsciente pessoal, o que por sua vez influencia nossos comportamentos e emoções. Tendo em vista o “lixo” das notícias desoladoras e as tensões relativas à situação global nesta época de pandemia, estimulando em cada um de nós as emoções do medo, da ansiedade, da raiva e da sensação de tolhimento em alguns aspectos de nossa rotina, temos o desafio de cuidar e dar uma atenção maior a nossa psique e tratá-la de modo adequado. A sabedoria ancestral dos povos da floresta reconhece a dimensão onírica como um portal onde podemos remover esse “lixo psíquico” e penetrar em outros níveis mais sutis de realidade. Neste encontro abordaremos os princípios que regem os sonhos e como podemos nos orientar por eles. 


Kaká Werá Jecupé é educador, terapeuta e escritor. Focaliza ações e formações com o propósito de autoconhecimento e integração do ser com a natureza há mais de 30 anos, no Brasil e no exterior, a partir dos saberes ancestrais da cultura tupi.

23 de julho, 14h às 16h

O universo mitológico e imagético dos rituais afro-brasileiros

Ministrantes: Denise Camargo, artista visual, e Reginaldo Prandi, sociólogo

 

O encontro promove um diálogo de perguntas e respostas que apresenta leituras seminais e produções artísticas, entre outras estratégias. O objetivo é nos aproximarmos do tema Trauma, Sonho e Fuga, tendo como aporte o universo mitológico e imagético dos rituais afro-brasileiros, como o candomblé. 

 

Reginaldo Prandi é sociólogo, escritor, professor emérito da Universidade de São Paulo e pesquisador sênior do CNPq. Publicou mais de 30 livros, incluindo obras de sociologia, mitologia afro-brasileira e indígena, literatura infantojuvenil e ficção. Publicou, entre outros livros, Mitologia dos orixás, Segredos guardados, Minha querida assombração, Contos e lendas da Amazônia, Morte nos búzios, Aimó e Motivos e razões para matar e morrer.

 

Denise Camargo é artista visual, professora, curadora e uma mulher preta que desde muito jovem se emociona com o chamado dos tambores. Descobriu na escritura e nas imagens fotográficas a matéria para sua produção artística e foi tomando gosto pelas narrativas e experiências que conduzem os processos de criação. Suas questões permeiam a poética das relações, as matrizes ancestrais da diáspora negra e os corpos em territórios de resistência social e política. Com abordagem autobiográfica, essas questões são vetores para exercer a arte: em sua sala de aula, na gestão de projetos pelo Ateliê Oju, na escrita e leitura performativas e em seu viver. É docente do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília.

27 de agosto, 10h ao meio-dia
A arte como prática de conexão

Ministrantes: Iaci Lomonaco (presencial) e Tino Sehgal (online)


O workshop visa trabalhar o corpo e todo seu potencial (fala, voz, movimento) para acessar diversos estados energéticos que permitam a conexão profunda com o eu, o outro e tudo ao redor. Para Tino Sehgal, o corpo vivo, acordado é fundamental para a construção de novos caminhos e novas narrativas. Trabalhar nosso potencial de sentir e de estar em conexão profunda mostra que é possível produzir significado e valor por meio da transformação de ações, em vez da transformação de materiais. Serão colocados em prática diferentes elementos de trabalhos de Tino Sehgal, os quais têm como foco estados meditativos e práticas de conexão.
 

Observação: o público será convidado a se movimentar, cantar e interagir em dinâmicas corporais propostas pelos ministrantes. Recomenda-se o uso de roupas e calçados confortáveis. Os participantes deverão levar suas almofadas, pois o encontro não irá dispor de cadeiras – salvo em casos de necessidade por questões de saúde.

 

Iaci Lomonaco é uma mulher brasileira plural. Graduada em Administração e Economia (FGV-EAESP), Artes Cênicas (Angel Viana - RJ) e mestre em Estratégia e Sustentabilidade (Universitá Commerciale Luigi Bocconi), atuou internacionalmente no mercado financeiro e como consultora sênior das Nações Unidas, ajudando a criar, desenvolver e implementar estratégias sustentáveis ​​para empresas e comunidades locais. Desde 2014 dirige e produz projetos interdisciplinares que visam criar novas formas de relação com o mundo por meio de experiências que não sejam apenas racionalidade e razão, mas que possam atravessar e ser atravessadas pelos contextos sociais, culturais, econômicos e políticos vigentes. Nesse processo, conheceu Tino Sehgal, com quem trabalha estrategicamente desde 2014, dirigindo, gerenciando, instalando e produzindo seu trabalho em museus, instituições de arte e espaços públicos em todo o mundo, conectando arte, corporeidade e sustentabilidade.

 

Tino Sehgal nasceu em 1976 em Londres, Inglaterra. Atualmente vive e trabalha em Berlim. Reconhecido como um dos artistas mais importantes de sua geração, a aclamação da crítica de Tino Sehgal deriva de sua prática artística radical que assume a forma de "situações construídas": encontros ao vivo entre visitantes e aqueles que encenam a obra. Sua beleza efêmera repousa na especificidade fugaz do encontro, onde os jogadores muitas vezes envolvem os visitantes com sua participação ativa na construção da peça. O abandono de Sehgal da produção material em favor da experiência vivida é, no entanto, alcançado com uma sensibilidade às considerações clássicas de forma, composição e espaço, fundamentadas não apenas na história da dança, mas também nas tradições ocidentais de escultura e pintura.

 

17 de setembro, 10h ao meio-dia
Sonho e adaptação

Ministrante: Sidarta Ribeiro, neurocientista

 

Desde o mais remoto tempo, nossos ancestrais conheceram o medo da morte e os traumas causados por experiências aversivas, que levam a pesadelos recorrentes. A cada Sol e a cada Lua, nossos ancestrais experimentaram a luta renhida pela sobrevivência e sua dicotomia fundamental: lutar ou fugir, matar ou morrer. Há cerca de 220 milhões de anos, entre os animais que deram origem aos nossos ancestrais mamíferos, evoluiu um estado mental voltado não para o mundo exterior, real e perigoso, mas para o mundo interior, virtual e inofensivo, um oceano de memórias recombináveis que chamamos de “inconsciente”, cuja ativação durante o sono cria o sonho. Disputando espaço ecológico com inúmeras e temíveis espécies de dinossauros, os mamíferos evoluíram o sonho por cerca de 220 milhões de anos como um simulador de situações possíveis, capaz de reverberar memórias negativas para formar pesadelos premonitórios, tão ameaçadores quanto eficazes para modificar comportamentos, gerar aprendizado e adaptação. Durante os sonhos, do oceano de memórias inconscientes, brotam ideias criativas capazes de inferir as probabilidades do futuro, ajudando a navegar o que ainda não foi. Num ambiente marcado pela dura competição por recursos escassos, a evolução do sonho criou uma fonte renovável de energia psíquica adaptativa, proveniente do inconsciente. O encontro abordará este tema dentro do contexto da crise social e ambiental que o planeta enfrenta.

 

Observação: o público será convidado a se movimentar e interagir em dinâmicas corporais propostas pelo ministrante. Recomenda-se o uso de roupas e calçados confortáveis. Os participantes deverão levar suas almofadas, pois o encontro não irá dispor de cadeiras – salvo em casos de necessidade por questões de saúde.

 

Sidarta Ribeiro é capoeirista, professor titular de Neurociências e um dos fundadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem interesse nos seguintes temas: memória, sono e sonhos; plasticidade neuronal; comunicação vocal; competência simbólica em animais não humanos; psiquiatria computacional; neuroeducação; cannabis medicinal; psicodélicos e política de drogas. É autor de mais de 100 artigos científicos e de seis livros, entre eles O Oráculo da Noite e Sonho Manifesto.
 

19 de novembro, 10h ao meio-dia
Estados expandidos de consciência: trauma, tabu, fuga, reconexão e expressão artística
Ministrantes: Antonio Pedro Goulart e Karin Grunwald, facilitadores de respiração holotrópica

Mergulharemos no universo dos estados expandidos de consciência: sua história, potenciais, riscos, polêmicas e abordagens terapêuticas. Veremos como os estados expandidos de consciência, parte fundamental da cultura de praticamente todos os povos desde o início da humanidade, passaram a ser desprezados, temidos e vilanizados pela civilização industrial ocidental, até ressurgirem com grande interesse científico nos dias atuais. Em seguida, abordaremos o potencial terapêutico dos estados ampliados de consciência e sua relação com os diversos tipos de trauma, explorando o tabu que envolve essa temática e a ligação entre fuga e reconexão. Também falaremos sobre os cuidados necessários para criar um ambiente apropriado (set and setting) para o trabalho com esses estados de consciência. Em especial, apresentaremos uma abordagem de autodescoberta e terapia, segura e poderosa, que trabalha com estados expandidos de consciência sem o uso de substâncias: a respiração holotrópica. Por último, veremos a importância de integrar as experiências vividas nesses estados expandidos, aproximando-as do dia a dia consensual e concreto. Como proposta de exercício com o público, vamos oferecer uma atividade com meditação guiada e expressão artística para entrarmos em um estado levemente expandido para acessarmos aspectos internos da nossa psique, conhecê-los e expressá-los por meio do desenho. 
 

Karin Grunwald é designer, facilitadora certificada de respiração holotrópica desde 2017 e codiretora do Grof Legacy Training Brasil. Também é diretora da editora Numina, selo editorial que publicou os cinco últimos livros de Stanislav Grof no Brasil. Atua como terapeuta de Internal Family Systems (IFS), com formação pelo IFS Institute. Mora com seu marido, Antonio Pedro Goulart, na Fazenda Sítio Velho, refúgio ecológico entre Rio e São Paulo administrado por eles, onde são realizados os cursos de formação de facilitadores de Grof Breathwork (respiração holotrópica) e outros eventos e projetos ligados a terapia, sustentabilidade e expressão criativa. Karin também trabalhou por muitos anos como cenógrafa, sendo responsável por diversos projetos de museus, óperas e exposições.

 

Antonio Pedro Goulart é mestre em filosofia, facilitador certificado de respiração holotrópica desde 2015 e codiretor do Grof Legacy Training Brasil. Também é editor e diretor da Numina, selo editorial que publicou os cinco últimos livros de Stanislav Grof no Brasil. Atua como terapeuta de Internal Family Systems (IFS), com formação pelo IFS Institute. Mora com sua mulher, Karin Grunwald, na Fazenda Sítio Velho, refúgio ecológico entre Rio e São Paulo administrado por eles, onde são realizados os cursos de formação de facilitadores de Grof Breathwork (respiração holotrópica) e outros eventos e projetos ligados a terapia, sustentabilidade e expressão criativa. 

22 de outubro, 10h ao meio-dia
Corpo_soma | Tecnologia travesti – Da puberdade sintética à evolução da espécie

Ministrante: Nídia Aranha, artista

 

O corpo é uma produção histórica, cultural e política, sempre em mudança. Portanto, não possui uma natureza transcendental ou universal, mas é uma materialidade provisória, mutável. Está sujeito às mais diversas transformações produzidas por diferentes tecnologias: jurídica, política, cultural, médica etc. “O corpo é uma falsa evidência, não é um dado inequívoco, mas o efeito de uma elaboração social e cultural”, afirma David Le Breton (2006). É plástico e relacional, pode ser feito e desfeito através do uso de hormônios, cirurgias, outras estratégias e uma série de modificações corporais pode ser realizada e ressignificada. A experiência travesti nos mostra que até a matéria molecular é temporária e artificial, podendo ser moldada através de diferentes tecnologias. Tudo é uma questão de doses, de hábito e miligramas.

 

Nídia Aranha é artista visual, estudou Design de Produto & Comunicação Visual na Universidade Federal do Rio de Janeiro e atua como diretora de arte e pesquisadora em Antropologia Visual. Sua prática artística passa pela construção de narrativas visuais subversivas com elementos ficcionais e documentais, que tangenciam relações de desobediência de gênero; pelo design crítico e especulativo – assumindo os mais variados suportes: dispositivos laboratoriais, protéticos e instrumental cirúrgicos fazendo uso de técnicas de ourivesaria –; e por práticas de biohacking, tendo a performatividade e seus registros (pintura, fotografia, manipulação digital e videografia) enquanto afirmação dessas metodologias científicas experimentais.

bottom of page